quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

AS IRMÃS DOROTEIAS PARTEM PARA O EXÍLIO


A ordem de expatriação dos Jesuítas não se aplicava do mesmo modo às outras Ordens e Congregações Religiosas. A ideia da sua extinção mantinha-se, o agravo era semelhante e aliás participado, ainda assim a situação destes era diferente.
Voltamos a citar Joaquim Veríssimo Serrão, pág. 58:
Se se tratasse de religiosos portugueses, “referia o artigo 6.º [do decreto de 8 de Outubro; veja-se abaixo], seriam compelidos a viver vida secular ou, pelo menos, a não viver em comunidade religiosa. Este artigo correspondia a uma verdadeira aberração quanto aos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade, meio ano depois inscritos no artigo 3.º da Constituição de 1911. O § 1.º do artigo 6.º ia mais longe na violência punitiva: «Para o efeito da disposição deste artigo, entende-se que vivem em comunidade os religiosos, pertencentes a quaisquer ordens regulares, que residam ou se ajuntem habitualmente na mesma casa, ou sucessiva ou alternadamente em diversas casas, em número excedente a três». Recorrendo a disposição pombalina, Afonso Costa cometia o grave erro de deslocar o problema religioso do seu enquadramento temporal, abrindo o campo às maiores violações da consciência individual”.

Quando adiante se vir a Madre Sá, a que um jornal há-de chamar Sra. Júlia Sá, não é de estranhar: ela está sem hábito e portanto dentro da legalidade.
Veja-se agora esta notícia do jornal O Poveiro, de 11 de Outubro de 1910 (três dias depois da publicação da lei), que nos mostra as Doroteias poveiras em fuga:No sábado último, os noviços do convento dos Franciscanos da freguesia de Barqueiros, lugar das Necessidades, concelho de Barcelos, cujo convento é filial do de Varatojo e Montariol, de Braga, embarcaram na estação do cominho de ferro de Laundos, para os lados de Famalicão, não se sabendo o destino que tomaram; mas provavelmente para irem para as casas das suas famílias.
No mesmo comboio, em direcção às Fontainhas (em Balasar), embarcaram as Doroteias da Póvoa, disfarçadas.
Daquela estação dirigiram-se à freguesia de Gueral, concelho de Barcelos, para casa duma educanda que eles (sic) tinham fanatizado, e onde se encontram até verem no que param as coisas.
As Irmãs Doroteias haviam de regressar a partir de 1923; um pouco mais adiante puseram em marcha a obra do novo colégio, o Colégio do Sagrado Coração de Jesus.
Na imagem: antigo Colégio das Doroteias.

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