sábado, 6 de fevereiro de 2010

“VINAGRE DA MESMA PIPA”

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Quando, em 1834, os Liberais vitoriosos entraram em Lisboa, alguém, a certa altura, deitou água sobre o entusiasmo, declarando que D. Pedro e D. Miguel eram “vinagre da mesma pipa”.

Esta imagem poderá aplicar-se aos regimes saídos da vitória de Évora-Monte e do golpe de estado de 5 de Outubro de 1910: “vinagre da mesma pipa”.

É este aliás o pensamento implícito em certo escrito de Fernando Pessoa: os dirigentes dos dois movimentos eram estrangeirados que quiseram impor ao país um modelo teórico importado e que se não adaptava ao sentir português, como a história se encarregou de demonstrar.

Ainda assim, o regime saído da vitória liberal, até porque se manteve muito mais tempo no poder, trouxe ao país o primeiro longo período de vivência democrática, reorganizou a sua administração, pôs termo a arcaísmos feudais obsoletos e pôde realizar aquela que nos parece a maior e mais benéfica revolução alguma vez acontecida em Portugal: a das comunicações e dos transportes.

Antes de Fontes Pereira de Melo, o melhor modo de ir do Porto para Lisboa era de navio, como para o Brasil ou para o Oriente. Depois dele, todo o país ficou ligado por estradas dignas desse nome ou, em muitos, muitos casos, por linhas de caminho-de-ferro onde circulavam os fumegantes comboios.

Esta revolução não foi valorizada por Eça de Queirós, Antero de Quental, Teófilo Braga ou Oliveira Martins. Aliás, ainda hoje, na escola, parece-nos que se não valoriza este feito épico. E porquê?

Para não deixar mal a República. Ao lado dos republicanos só havia incapazes e corruptos…

Deve ser também por isso que no geral os alunos ignoram que antes de 1910 já há quase 80 anos se vivia em democracia.

A República não merece estas mentiras beatas.

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