segunda-feira, 1 de março de 2010

VÍTIMAS DA REPÚBLICA NA PÓVOA DE VARZIM

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Pelo que conhecemos da Primeira República, achamos que ela não oferece motivo para comemorações.
Que se há-de comemorar? À parte o modo concreto como o regime se impôs em Portugal - desfavorável para ela - espanhóis e ingleses, monárquicos, viverão pior que portugueses e franceses, republicanos?
Mas há pelo menos, em nosso entender, a necessidade de homenagear as vítimas que o seu feroz e prolongado cerceamento da liberdade de expressão provocou. Se não fosse isso, parece que o golpe de estado de 5 de Outubro de 1910 se teria tornado num episódio menor da história nacional.
A intenção que vai nortear esta página é a de lembrar as vítimas da República. As da Póvoa de Varzim, quase exclusivamente. Houve aí gente expulsa, gente exilada, gente ameaçada, gente espoliada, gente humilhada. Por isso, pretendemos colocar aqui textos de vária procedência que identifiquem tais vítimas e indiquem os enxovalhos que padeceram.
As duas leis que mais contribuíram para estas violências foram a da extinção das Ordens Religiosas (para os jesuítas, expulsão), de 8 de Outubro de 1910, e a Lei da Separação, de 20 de Abril de 1911.
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Sobre o "mérito" dos republicanos, escreveu Rui Ramos (Outra Opinião, Ensaios de História, O Independente, Lisboa, 2004, pág. 24) que “em 5 de Outubro de 1910, os republicamos portugueses derrubaram um regime que honrava os princípios do Estado de Direito e representativo: a concepção do estado como comunidade de cidadãos iguais entre si, o império da lei, a separação e equilíbrio de poderes, etc.” E na contracapa do mesmo livro lê-se que o nosso país “passou o século XX a pagar a factura do 5 de Outubro. A revolução republicana comprometeu os fundamentos institucionais e culturais da democracia representativa em Portugal”.
O branqueamento da República tem como imediata consequência enegrecer o Estado Novo e engrandecer aqueles que lhe resistiram; inversamente, mostrar o seu lado sombrio dá razão àqueles que na década de vinte suspiravam pela ditadura (que levou ao 28 de Maio), apesar de terem a experiência de mais duma década de República. Por isso, só se pode aceitar falar sobre esta numa perspectiva objectiva e isenta, rigorosa; outras posições serão culturalmente irresponsáveis: é demasiado grave o que está em causa.
Criámos uma segunda página para as vítimas da república na Póvoa de Varzim, Vítimas da República II.

Aglomeração de pessoas frente ao edifício da Câmara Municipal poveira aquando da proclamação da República.